Filme: Lucicreide Vai pra Marte
Direção: Rodrigo Cesar
Crítica Noobz: Ataliba (@AtalibaNoobz)
A Paris Filmes e a Downtown Filmes lançaram em alguns cinemas do Brasil a comédia brasileira Lucicreide vai para Marte. Começo dizendo que em alguns, pois devido ao agravamento da crise da pandemia do novo corona vírus em diversas cidades e estados o lançamento acabou sendo adiado, ou interrompido, por conta do fechamento das salas de exibição. A comédia é uma produção da All Screens Films, coprodução 20th Century Fox, Telecine e Globo Filmes com distribuição da Downtown Filmes e Paris Filmes.
De São Paulo para a Nasa
O longa brasileiro traz para as telonas a hilária Lucicreide, personagem vivida pela atriz Fabiana Karla no humorístico Zorra Total da Rede Globo.
Na trama de Lucicreide Vai Pra Marte, dirigida por Rodrigo César, podemos acompanhar a faxineira Lucicreide, mãe de cinco filhos, batalhando no dia a dia para sustentar a casa, cujo marido encontra-se desaparecido. Ela trabalha na mansão de Arnaldo (Renato Chocair), encarregado por selecionar candidatos brasileiros para participar de um programa espacial na NASA, porém, ele está com muitas dificuldades no trabalho e isso tem refletido em sua vida pessoal na relação com a mulher e o filho. Em meio a isso, Tavinho, o filho de Arnaldo, acaba incluindo o nome de Lucicreide no programa e ela é erroneamente selecionada. É ai que começa uma grande confusão, onde nossa protagonista e outros quatro candidatos passam a brigar por uma vaga no cobiçado programa espacial que levará um brasileiro para morar em Marte.
Do Brasil para a NASA (Literalmente)
Parte do filme foi, de fato, rodado na instalação da agência espacial americana. Além dos efeitos especiais o filme conta com sequências rodadas em um avião que simula gravidade zero. A aeronave, dedicada ao treinamento de astronautas, partiu de Las Vegas e fez acrobacias sobre o deserto de Nevada (EUA), criando sequências inéditas no cinema brasileiro.
Esse, para mim, é um dos pontos altos do filme, pois apresenta diversos momentos de treinamentos reais realizados por astronautas e traz um pouco da história da estação, o que aproxima um pouco o público desse universo científico que parece tão distante. Aliás, vale citar que as cenas gravadas no Kennedy Space Center, na Flórida, fazem de Lucicreide vai pra Marte o primeiro longa brasileiro a ser filmado nas instalações, que foram usadas para o clássico Armaggedon, de 1998.
Fabiana Karla brilha sozinha
Chegamos ao filme em si e se você gosta da personagem de Fabiana Karla na TV, não vai se decepcionar, pois ela demonstra todo o seu talento e carrega o filme, cheio de irreverencia e seu conhecido humor. Porém, as qualidades param por ai.
O ponto alto do filme é a chegada dos personagens na NASA, porém, é necessário uma construção emocional para que o tele espectador se conecte com Lucicreide e compre seu drama com a possibilidade de ir embora do planeta, deixando a família para trás. Essa construção, porém, é muito longa e deixa o começo do filme arrastado nos levando para a estação espacial apenas na metade do filme, o que torna tudo um pouco cansativo.
Já na NASA, temos nosso ponto alto, tanto em história, quanto em cinematografia, porém, infelizmente, tudo muito mal executado. A começar pelo elenco de apoio, que é mal explorado e não tem nenhum momento marcante de tela, fazendo do longa quase que um grande monólogo de Fabiana Karla, que apesar de mandar muito bem, se torna cansativa em algumas oportunidades por faltar esse respiro de diálogo, ação e cena. O filme se escora nela muito mais que o necessário, fazendo de todos os outros componentes do elenco, meros figurantes de luxo. Vale citar que apesar de o roteiro não ajudar em nada o resto do elenco, alguns atores também não souberam aproveitar o pouco momento de tela que tiveram. Creio que o único momento em que Fabiana Karla de fato joga e divide bem a tela é no final com uma participação especial que entrou muito, mas muito bem no filme chamando a responsabilidade e fazendo a personagem Lucicreide crescer ainda mais.
Infelizmente falta uma linguagem de cinema para o longa, que acaba parecendo um grande especial de TV nas telonas, sem momentos épicos e com o excesso de Lucicreide em tela. Essa falta de interação saudável com o resto do elenco, em prol da trama, acaba por vezes deixando a protagonista cansativa, lhe fazendo destoar daquele universo de maneira prejudicial a experiência cinematográfica.
Existem momentos no filme em que a personagem Lucicreide conversa pessoalmente com cada um dos candidatos ao programa para ir morar em Marte. É um momento de muito potencial dramático e carga emotiva que daria um intervalo brilhante no excesso de comédia, mas é extremamente mal explorado, se tornando apenas um argumento superficial e jogado para os acontecimentos que ocorrerão em seguida.
O filme tem uma ótima ideia, ótimas sacadas e muito potencial, mas nada disso foi explorado ou executado para tornar Lucicreide vai pra Marte digno do que poderia ser para a história da comédia nos cinemas do Brasil.
Trailer
Avaliação 3.5
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