Série: Gavião Arqueiro
Temporada: Primeira
Review Noobz: Ataliba (@AtalibaNoobz)
E depois de seis episódios a série Gavião Arqueiro encerra o ano da Marvel Studios nos desejando um feliz natal e boas festas, aproveito para lhes desejar o mesmo e que tenham um final de ano maravilhoso =)
Já aproveito para avisar que do meio do texto para o final tem alguns spoilers sobre a revelação de personagens, que eu precisei fazer para argumentar minha visão sobre a minissérie, então se você não sabe sobre quem irá aparecer, segue o aviso!
Gavião Arqueiro em conflitos urbanos
A minissérie Gavião Arqueiro vem na contramão de tudo o que a Marvel tem apresentado recentemente e não foi a toa que ela chegou no final do ano, pois chega justamente com essa proposta de uma aventura para a família no clima de natal, se tornando mais uma opção junto às diversas obras natalinas que pipocam nessa época do ano.
O tom leve da minissérie e seu humor são equilibrados e deliciosos de assistir, já me ganhando no primeiro episódio. O protagonista Clint Barton, vivido por Jeremy Renner nos mostra um outro lado do vingador, que só quer paz e acaba se envolvendo em um conflito urbano quando o manto do Ronin ressurge colocando muitas vidas em perigo. Renner está muito bem na minissérie equilibrando momentos de seriedade com o humor leve que dá o tom da aventura. Depois de enfrentar aventuras cósmicas que colocam o planeta e o universo em perigo, ver como o Gavião lhe dá com vilões comuns é muito engraçado. A maneira como ele despreza cada situação como se pudesse resolve-las a qualquer momento e fica entediado com alguns conflitos, que ele deve esperar o desenrolar para conseguir informações são muito engraçadas e mostra o quanto o herói está níveis acima de bandidos comuns.
Nesta aventura natalina, Renner divide o protagonismo com Hailee Steinfeld, que interpreta Kate Bishop, a Gaviã Arqueira dos quadrinhos. Quando foi anunciada, muitos colocaram muita expectativa sobre a jovem atriz, devido ao seu talento, e ela não decepciona, entrega tudo e muito mais. Equilibrada, ela domina bem as cenas de humor, ação e drama, sendo um dos pontos altos de toda a série e uma excelente introdução ao Universo Cinematográfico Marvel. Além de levar a trama, por vezes ela se coloca como uma expectadora e nos conduz deliciosamente por tudo o que está acontecendo e fica maravilhada com o que vê e vive da mesma forma que nós do lado de cá da tela. A química entre Bishop e Barton funciona deliciosamente bem.
O Universo Marvel sob uma perspectiva mais leve
A minissérie Gavião Arqueiro começa épica mostrando momentos da batalha de Nova Iorque, do filme Vingadores, e as consequência dos atos heroicos e como eles inspiram pessoas. Ainda em seu início um musical sobre a vida do Capitão América e a batalha do primeiro Vingadores parece ser um grande sucesso na cidade, com cartazes em todos os lugares, inclusive no filme Homem-Aranha: Sem Volta para Casa. E as aventuras da série em si se iniciam com Clint assistindo a essa peça que é uma mistura de homenagem aos heróis daquele universo com uma pitada de vergonha alheia, mas ela é muito importante, pois já dá o tom do que iremos acompanhar no decorrer dos seis episódios da série. Algo leve, divertido e por vezes descompromissado, mostrando que nem tudo na Marvel precisa ser grandioso e épico que vai reverberar em dezenas de filmes e séries. É algo leve e contido para ser apreciado dentro daquela jornada.
O Gavião Arqueiro é um personagem subestimado por muitos fãs e a maneira como isso é mostrado na série é sensacional, rendendo excelentes diálogos entre os protagonistas sobre a falta de branding do herói.
Acredito que se você comprar a proposta da minissérie, irá se divertir e aceitar tudo a que ela se propõe e gostar, assim como eu gostei. Com uma dupla perfeita de protagonistas, só nos resta que o roteiro não derrape e ele vai bem até certo ponto e ai começa a derrapar bastante.
Muitos Antagonistas para poucos episódios
Yelena Belova (Florence Pugh) sai de Viúva Negra para interagir com outros personagens da Marvel e manda muito bem, em especial em suas cenas com a Kate Bishop de Hailee Steinfeld, que dupla é essa! Apesar de sua aparição ter sido muito boa e ela alternar bem momentos de humor e seriedade, sua jornada acabou ficando meio confusa e rasa. Posso acabar queimando a língua no futuro com outras produções que irão explicar sua participação em Gavião Arqueiro, mas ela por si só não se sustenta. Ao final de Viúva Negra, a assassina é contatada por Valentina Allegra (Julia Louis-Dreyfus), mesma personagem que recrutou John Walker em Falcão e o Soldado Invernal e colocou Clint Barton como alvo, responsável pela morte de Natasha Romanoff. O ódio e o sentimento de vingança tomaram conta da garota, para depois aparecer na série contratada por outra pessoa para ir atrás do Gavião. E ainda ajudou a revelar quem a contratou para a jovem Bishop e parece ter se segurado em diversos momentos em seu embate com aquela que ela culpava por seu sofrimento. O conflito entre Yelena e Clint merecia maior profundidade e drama e não caberia na série. Da forma que foi feita, não causou comoção, apenas um sentimento que mais uma antagonista estava lá só para nos lembrar que a série tem relação com outros filmes. Foi muito gratuito.
Ao meu ver a grande falha da minissérie foi se perder no elevado número de antagonistas. Em apenas seis episódios começa a desconfiança com Jack, em seguida surge a gangue do agasalho, depois Eco, Yelena Belova, Eleanor Bishop e finalmente o Rei do Crime. Tudo isso em apenas seis episódios que tem como principal objetivo mostrar a passagem de bastão do Gavião Arqueiro para Kate Bishop. Em meio a tudo isso, os antagonistas acabam não tendo nenhuma profundidade e arcos nada dramáticos e até dispensáveis.
Alaqua Cox é a atriz que dá vida a personagem Eco na série e a Marvel já anunciou que ela irá estrelar uma série própria derivada de Gavião Arqueiro. Apesar de ser uma ótima atriz, sua personagem não teve tanta profundidade a ponto de me despertar interesse em uma série da Eco. Se não houverem grandes personagens da Marvel junto, ou alguma surpresa, eu não tenho o menor interesse em assistir uma série da personagem.
Em meio a isso, destaco aqui o cachorrinho que surgiu, em referência a uma HQ envolvendo o Gavião Arqueiro e Kate Bishop, que foi a base dessa minissérie, e é isso, ele tem um momento importante na trama no início e depois está lá apenas.
Por fim, devo falar do aguardado e comemorado retorno de Vincent D’Onofrio como o Rei do Crime. Ao final do quinto episódio uma foto revela sua aparição e eu me recordo de dar um pulo da cama vibrando com esse retorno. Mas, infelizmente, seu desenvolvimento ficou muito aquém daquele vilão estupendo que vimos na série Demolidor. D’Onofrio chamou a atenção por sua imponência e a complexidade que deu ao personagem. Sua presença abre inúmeras possibilidades e eu já imaginava um embate urbano com o Homem-Aranha, por exemplo, ao mesmo estilo que se fez contra o Demolidor. Nas sombras, prejudicando a vida do herói sem se expor, um jogo de xadrez as escondidas, algo do nível que Lex Luthor faz colocando sua inteligência, dinheiro e influência política contra o Superman. Aqui, porém, o pouco tempo do Rei do Crime na tela é dividido entre a atuação do grande mafioso da Marvel com cenas de lutas meio dispensáveis. Eu sei que o personagem luta nos quadrinhos, mas acho um anticlímax enorme quando um “homem comum” enfrenta um herói treinado ou com super poderes. Esse sentimento também me pegou em Demolidor, apesar de que lá tudo foi infinitamente melhor construído. E tudo isso para um desfecho desanimador, que tentou dar mais destaque para Eco, mas mais uma vez foi mal feito, mesmo que esse final tenha ocorrido nos quadrinhos.
Acredito que se o Rei do Crime aparecesse no pós-créditos da série como o grande arquiteto de tudo e deixasse em aberto seu futuro, cabeças iam explodir, mas houveram muitos arcos para se resolver em pouco tempo e acabou tornando tudo muito jogado e superficial, uma pena.
Gavião Arqueiro e seu futuro
Uma coisa é fato, Jeremy Renner e Hailee Steinfeld mandam bem demais na série e carregam toda a trama com uma leveza maravilhosa. Se ao final Eco tivesse tido mais tempo de tela e se mostrasse manipulada seguindo outro rumo, teria sido perfeito, mas tantos antagonistas com pouco tempo de tela e desenvolvimentos rasos acabaram prejudicando uma série que tinha tudo para ser uma das melhores, dentro da proposta em que se apresentou. Infelizmente o roteiro acabou se perdendo em sua necessidade de fazer ligações com o universo Marvel e nos entregou um final bem mais fraquinho do que poderia ser.
A série vale a pena e eu gostei, principalmente pela dupla de protagonistas, mas ela poderia ter sido muito mais do que foi e se Steinfeld não fosse ter importantes participações futuras, ela seria esquecível por culpa de um roteiro que se perdeu no meio do caminho.
Trailer
Nota: 6.0
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