Série: Cobra Kai
Temporada: Terceira
Exibição: Exclusivo Netflix
Crítica Noobz: Ataliba Leonel (@AtalibaNoobz)
(SEM SPOILERS)
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Finalmente a aguardada terceira temporada de Cobra Kai chegou na Netflix. A expectativa era tanta, que a plataforma streaming acabou antecipando sua estreia para o primeiro dia do ano de 2021. Mas, o que podemos esperar?
Nos últimos tempos é comum vermos críticas a Hollywood, que vem sendo acusada de não ter mais criatividade por intensamente estar recorrendo ao passado com remakes, reboots e continuações. Bom, nesse ponto Cobra Kai não é diferente, mas as semelhanças param por ai, pois a série dá uma verdadeira aula de como respeitar o passado, trabalhar o presente e abrir portas para o futuro. São raríssimos os trabalhos em que podemos ver uma história trabalhada com tanto carinho. É nítido que os roteiristas e produção estão fazendo tudo com muito amor e respeito pela franquia original. É como um fã produzindo a série dos sonhos, sabe aqueles vídeos e minisséries de nosso games ou animações favoritos que pipocam na internet e com todo seu amadorismo sempre são mais fiéis e empolgantes que as grandes produções cinematográficas? Pois é, esse é Cobra Kai, uma verdadeira aula de como trazer de volta uma obra icônica com muito respeito, nostalgia e evolução. A série traz muito do passado, mas não se prende, ela trabalha o hoje com maestria. Prova disso é a febre que ela se tornou tanto junto aos fãs da obra original, quanto aos mais jovens que não vivenciaram a época dos filmes.
Chega a ser engraçado, pois quando foi anunciada a sequencia de Karate Kid em forma de série, os trailers chamaram a atenção, mas poucos foram atrás para conseguir assistir no obscuro e pouco popular Youtube Originals. Então tínhamos duas temporadas lá, largadas ao vento. Foi ai que a plataforma do google resolveu cancelar sua linha Originals, mas a terceira temporada de Cobra Kai já estava gravada. Começou então uma odisseia para que os produtores encontrassem uma nova casa e não deixassem a obra morrer, é ai que nossa querida Netflix aparece para abrigar Cobra Kai. Não poderia ser um casamento mais perfeito, pois ao chegar a sua nova morada a série simplesmente explodiu e se tornou um fenômeno mundial ganhando a devida atenção.
A série começou como uma grande aposta. Produzida com muito carinho e paixão, mas ainda assim uma aposta, por conta, disso em diversos momentos fica bem claro que é uma produção de baixo orçamento, principalmente se formos comparar a grandes hits de 2020. Pelo fato da terceira temporada já ter sido gravada anteriormente, a produção continua do mesmo nível, mas os atores, a perfeição com que a nostalgia e as histórias dos filmes voltam e se encaixam e um roteiro redondinho suprem todas as eventuais deficiências técnicas com tranquilidade.
Aliás, pra mim, foi surpreendente a evolução dos protagonistas Ralph Macchio (Daniel Larusso) e William Zabka (Johnny Lawrence) em suas interpretações. O tempo fez muito bem a ambos, que dominam as cenas e dão conta do recado quando requisitados nas três temporadas.
Temporada 3: Mais do mesmo. Que bom!
Tendo dito tudo isso, chegamos a terceira temporada de Cobra Kai. Vale citar, que a produção começou a ser trabalha da antes mesmo da estreia das duas primeiras temporadas na Netflix, portanto, os produtores ainda não sabiam que a série se tornaria um verdadeiro fenômeno e apostaram tudo. Pois, talvez, pudesse ser a última temporada da série na nova plataforma. Essa temporada precisava dar certo!
O novo ano aposta em tudo o que já havia funcionado nas temporadas anteriores, com muita, mas muita nostalgia, sempre encaixada com uma maestria que poucas obras foram capazes de reproduzir até hoje. Continuamos tendo flashbacks de todos os filmes da franquia e seus vários desdobramentos e influencias nos personagens nos dias de hoje, porém, o longa Karatê Kid 2 (1986) ganha um destaque a mais em alguns episódios. É muito bonito ver o carinho da produção resgatando diversos personagens da obra original. Desde os mais esperados, até aqueles que você nem esperava, devido seus papéis menores. Ainda nesse sentido, devo saudar a localização brasileira que trouxe nas duas primeiras temporadas e continua na terceira trazendo os dubladores originais da franquia original. Para quem viveu aquela época é tudo mais nostálgico e emocionante. O carinho da produção original e da equipe nacional.
Um dos pontos altos é que nas duas primeiras temporadas somos surpreendidos sobre como o ponto de vista de Johnny Lawrence é diferente do que nos é mostrado nos filmes, lhe dando muito mais profundidade e provocando uma reflexão se ele estaria tão errado. Nesta nova temporada vemos um pouco mais do ponto de vista de Tory (Peyton List) e como sua situação familiar justifica sua raiva. Agora nesse sentido, o ponto alta fica com a história de Kreese (Martin Kove), o icônico vilão dos filmes, que tem seu passado mais explorado, explicando ao expectador como seus traumas da guerra lhe tornaram o líder impiedoso que é hoje. Todos tem uma vida e um background que, certos ou errados, justificam suas ações.
O novo ano apostou um pouco mais no drama. São vários episódios que misturam nostalgia, ação, comédia e drama. Não se surpreenda se os olhos lacrimejarem levemente vez ou outra.
Cobra Kai nunca morre?
Apesar de ter gostado muito das duas primeiras temporadas, comecei a assistir a nova despretensiosamente e quando eu menos esperei, ela já havia terminado.
A terceira temporada traz tudo de bom das temporadas anteriores e um pouco mais, com um roteiro um pouco mais dramático e profundo.
Apesar disso, os novos episódios também contam com o que havia de menos glamoroso nas seasons passadas, como a clara produção de baixo custo e as lutas. Pois é, as lutas dessa terceira temporada se esforçam para melhorar, criam equipes esperadas e inesperadas, pontos de virada, em diversos momentos proporcionam cenas grandiosas para a trama, mas continuam sendo muito mal coreografadas. E é isso que me faz dar mais valor para a série, pois eles trabalham tão bem a história dentro de suas limitações, os personagens , principalmente os clássicos, são tão carismáticos, a maneira como os filmes originais são encaixados, e ajudam a contar a história, são tão incríveis, que faz com que eu ache a série maravilhosa, mesmo ela tendo como seu principal tema uma arte marcial e as lutas serem tão fracas.
Cobra Kai é uma série simples, brega, clichê, ridícula, barata, cheia de fan service e deliciosamente viciante! Terminei a terceira temporada feliz, com lágrima nos olhos e levemente frustrado, pois eu queria mais!
A nova geração de Karate Kid é cheia de limitações e defeitos, mas trabalhada com tanto amor e carinho, que cumpre seu papel de causar nostalgia, divertir e emocionar tão bem que me obriga a recomendar com um orgulhoso 10/10.
Ah, e apesar de todo mundo ficar com ranço do certinho e careta Daniel Larusso, perto do descolado e divertido Cobra Kai, devo dizer, que ainda assim, integro a equipe do Miyagi–Do. Oss!
Trailer
AVALIAÇÃO: 10/10
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