Maior mercado consumidor de games da América Latina e 12º do mundo*, o Brasil também vem se destacando cada vez mais na indústria de desenvolvimento. Nos primeiros meses de 2022, o país já pôde comemorar grandes resultados na GDC (Game Developers Conference), quando os estúdios nacionais geraram U$ 23 milhões em contratos, e no relatório da XDS (External Development Summit), que colocou o Brasil pelo segundo ano consecutivo como o principal mercado emergente em iniciativas de desenvolvimento externo (XD). Agora, a Abragames (Associação Brasileira das Desenvolvedoras de Jogos Eletrônicos) celebra mais uma excelente notícia. “Entre março e maio, quatro estúdios locais anunciaram acordos importantíssimos com grandes empresas estrangeiras: Oktagon Games, Aquiris Game Studio, PUGA Studios e Rogue Snail. Este é um momento histórico para Brasil e o futuro é ainda mais promissor”, diz Rodrigo Terra, presidente da associação.
A Abragames, que há quase vinte anos trabalha pelo fortalecimento da indústria nacional de desenvolvimento de jogos, enxerga o atual momento como fruto de anos de esforços coletivos do ecossistema gamer do país e de uma série de iniciativas que visam dar visibilidade internacional à qualidade e competência dos estúdios brasileiros. “Entre outras várias iniciativas, a Abragames participa há anos dos principais eventos interacionais do setor, como Gamescom, GDC, XDS e BIG Festival, organizando as comitivas Brazil Games – projeto setorial de exportação realizado pela associação em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos (ApexBrasil) – apoiando os desenvolvedores brasileiros a gerarem negócios e a fortalecerem suas redes de contatos. É extremamente gratificante acompanhar tantos cases de sucesso nos últimos meses. Certamente vivemos o auge na nossa indústria”, conta Eliana Russi, diretora internacional da Abragames.
Selo BR de qualidade
Em março, a Oktagon Games, estúdio paranaense especializado em jogos mobile, abriu a série de grandes negócios com o anúncio da aquisição pela Fortis Games, empresa que pertence ao grupo de resorts e cassinos Las Vegas Sands. Já em abril foi a vez da Room 8 Group, grupo internacional que detém algumas das principais empresas de serviços para jogos no mundo, anunciar a possível compra da PUGA Studios, de Recife, que é referência em projetos de desenvolvimento externo e atua no segmento desde 2017.
Outro grande exemplo desse movimento é a Aquiris Game Studio, de Porto Alegre, criadora do aclamado game brasileiro Horizon Chase. Também em abril, o estúdio recebeu um investimento inédito da Epic Games, criadora do fenômeno global Fortnite, um dos jogos de maior sucesso da atualidade. “Acredito que este investimento, assim como outros que foram recentemente anunciados, vão ajudar a atrair a atenção de novos investidores para a qualidade dos nossos estúdios e dos jogos que vêm sendo desenvolvidos tanto no Brasil quanto nos demais países da América Latina”, disse Sandro Manfredini, diretor de negócios da Aquiris, que explica ainda que os estúdios estabeleceram os primeiros contatos em 2018, quando a Aquiris começou a usar a Unreal Engine, motor de jogo da Epic, no desenvolvimento do game Wonderbox: The Aventure Maker.
Por fim, a Rogue Snail, de Minas Gerais, foi mais um estúdio que fechou um grande negócio com uma desenvolvedora estrangeira, dessa vez a norte-americana Gearbox Software. A parceria resultará no lançamento internacional do principal game do estúdio brasileiro, o Relic Hunters Legend.
“Além de ser extremamente importante poder contar com a Gearbox na publicação do nosso maior jogo, a empresa possui ideais e valores semelhantes aos nossos, e sabíamos, desde o início, que seria uma parceria extremamente valiosa”, conta Mark Venturelli, CEO da Rogue Snail. “Acreditamos que isso traz também um holofote grande para o Brasil e para os estúdios talentosos que temos por aqui. É muito gratificante ver que empresas internacionais estão olhando para nossa indústria de desenvolvimento de jogos com mais atenção e confiança na qualidade dos serviços.”
Para Carolina Caravana, vice-presidente da Abragames, destacar esses cases de sucesso é uma forma de incentivar outros estúdios nacionais a buscarem parcerias externas e se consolidarem no mercado global. “Trabalhamos para que o Brasil possa ser visto pela indústria como um polo de desenvolvimento. Essa é a nossa missão como associação: abrir cada vez mais portas e gerar oportunidades de aproximação entre os estúdios daqui e de qualquer outro mercado”.
*Dados da Newzoo