Game: Sifu
Desenvolvedora: Sloclap
Distribuído por: Sloclap
Plataforma Utilizada: Playstation 4
Também para: PlayStation 5, PC
Noobzview: Ataliba (@AtalibaNoobz)
A desenvolvedora francesa Sloclap surpreendeu e nos presenteou com seu mais novo jogo, chamado Sifu, uma referência ao título dado a um mestre de um determinado estilo de Kung Fu. E como não poderia ser diferente o jogo se trata, justamente, de Kung Fu.
Sou um apaixonado por artes marciais e venho acompanhando as atualizações do jogo e confesso que estava bem curioso para poder jogar esse beat ‘em up de ação e aventura, que teve lançamento neste mês de fevereiro.
Clássicos do Kung Fu
O jogo é uma verdadeira ode aos grandes clássicos do Kung Fu dos cinemas, conforme você avança em suas cinco fases verá diversas características e cenários que remetem a momentos marcantes e clichês dos filmes orientais da antiga arte marcial. Em diversas situações estará cercado de oponentes, assim como em filmes como os de Bruce Lee ou Jet Li; em outras poderá usar os mais variados objetos como armas, assim como nos clássicos de Jackie Chan, apenas para citar os mais populares do gênero.
Se por um lado temos movimentos marciais, cenários e situações que lembram os filmes, por outro a história também é uma grande referência aos mais antigos filmes chineses da arte marcial, super clichê, simples e superficial, onde um garoto tem seu pai assassinado por antigos ex-alunos e assim ele passa por uma jornada de treinamento para se tornar forte e assim buscar vingança. Quase que um pretexto para cair na porrada. Simples assim. Destaco aqui um ponto muito positivo que é a presença de legendas em português brasileiro.
Clássicos Beat ‘em up
Se no lado narrativo e visual o game faz uma homenagens aos grandes clássicos chineses, a jogabilidade é uma versão moderna do famoso gênero beat’em up, cujo objetivo é bater e bater esmagando os botões. O bacana é que Sifu traz uma versão moderna do estilo em seu gameplay e em vários momentos me remeteu aos clássicos que construíram o gênero como Tartarugas Ninja, Altered Beast, Streets of Rage, Double Dragon, Final Fight e diversos outros.
Assim como o título homenageia os filmes clássicos de Kung Fu, também há uma homenagem ao gênero beat’em up com diversos de seus mais clássicos, como lutas em elevadores em movimento ou quando o título mudava seu tipo de câmera e passava a ter visão lateral, muito bonito e nostálgico, por sinal.
Apesar dessa homenagem, ele é muito mais que os antigos beat’em up, pois moderniza sua jogabilidade e traz uma variedade de movimentos, combos e maneiras de combate. Toda a jogabilidade de luta, de maneira geral, é muito boa e um dos pontos mais positivos do game, ao lado de seu belo visual.
No inicio de sua aventura, você é um jovem sedento por vingança que se propôs a eliminar 5 grandes nomes das artes marciais, que se encontram, cada um, em uma das cinco fases do jogo. Você começa com 20 anos de idade e toda vez que é derrotado, você não morre e nem vê o game over, mas sim, fica mais velho. Ao terminar uma fase com certa idade é com ela que irá começar a próxima. Se estiver velho demais, tem a oportunidade de jogar a fase anterior novamente para tentar zerá-la com menos idade. Conforme você fica velho, seu dano aumenta, porém, sua saúde diminui. A idade alta também lhe restringe de aprender determinados movimentos, que você pode ir desbloqueando conforme avança em cada fase.
Se você estourar a idade máxima, que fica entre 70 e 80 anos, o jogo não permite que você continue na fase em que chegou ao limite e você terá que começar novamente a mesma fase, ou voltar a anterior, para tentar diminuir a idade de inicio da fase seguinte.
Confesso que achei o sistema muito criativo e divertido, porém, para um jogo tão curto, com apenas 5 fases, a dificuldade entra em campo para prolongar a vida de Sifu e olha, é irritantemente difícil. Joguei tantas vezes as mesmas fases, para ir melhorando as seguintes, que por vezes, chegava muito mais novo ao chefe final, e parecia que o maldito dificultava seu estilo apenas para me irritar. Ficava tão nervoso a cada derrota que parecia que eu estava envelhecendo junto com o personagem.
É estranho dizer, mas apesar de toda a mecânica ser simples e objetiva, a curva de aprendizagem é meio lenta, principalmente no início. Demorei um pouco para entender o que alguns status me trariam de benefício, caso upados, e como utilizar certas habilidades.
Um tema recorrente nos debates gamers é sobre a dificuldade dos jogos e devo lhes dizer que ainda não tenho uma opinião definitiva sobre o assunto, mas em game design estudamos que para um jogo prender o jogador ele deve ser difícil a ponto de ser desafiador, mas não tão difícil ao ponto de gerar frustração. Isso pensando sempre na média geral de jogadores que quer atingir. E olha, Sifu está bem mais próximo do frustrante do que do divertido desafiador, por mais que isso possa soar um pouco paradoxal.
Para que o título tenha vida longa nas mãos do jogador, não há opção de dificuldade, pelo menos até agora. A desenvolvedora já se manifestou no sentido de, talvez, trazer essa opção junto a alguma atualização futuramente.
Conforme você avança nas fases, você ganha experiência e acumula pontos, que podem ser trocados por habilidades e status. Esse é um ponto muito bacana do jogo, pois envolve estratégia, uma vez que esses pontos que possibilitam a troca não aparecem com tanta frequência e algumas habilidades tem limite de idade, ou seja, se eu chegar com mais de 30 anos, por exemplo, já não poderei habilitar uma série de habilidades.
A beleza nos olhos de quem vê
O jogo é muito bonito! Ainda mais por se tratar de um estúdio independente, o caminho artístico que encontraram é muito positivo e inspirador. Me arriscaria a dizer que Sifu estará em disputas de ‘Melhor Direção de Arte’ em premiações do mundo dos games nesse ano de 2022.
Apesar dos belos cenários, em alguns momentos o jogo me incomodou bastante pelo seu uso excessivo da escuridão. Já em outros, a escuridão funciona muito bem, com inimigos que parecem usar roupas de neon, por exemplo.
A mais bela fase em temos de cenários e cores é a terceira, me saltou aos olhos. Já a quarta chefe, para mim, é a que apresenta os mais belos movimentos de Kung Fu.
A trilha sonora e os efeitos sonoros são pontos positivos a parte. Cada música foi cuidadosamente pensada para cada momento do jogo e se enquadra muito bem para construir a ambientação. Já os efeitos sonoros são um espetáculo. Eles trabalham não só na televisão, mas também no controle dualshock para determinadas ações, isso dá uma imersão muito divertida e criativa.
Uma experiência única e de uma só jornada
Sifu é uma bela homenagem ao Kung Fu e ao beat’em up, porém extremamente difícil ao ponto de gerar frustração. Com uma jogabilidade divertida e um belíssimo caminho artístico, o jogo entrega uma experiência curta, que ao final da história passa o verdadeiro valor do Kung Fu, lhe forçando a jogar novamente para ver um outros finais, esses com a essência da arte marcial chinesa. Mas, sinceramente, é pouco tamanha dificuldade e não vi muitos motivos para jogar tudo de novo. Dessa forma, vejo pouco fator replay no game. Mesmo que você jogue novamente, dessa vez mais experiente e de maneira mais rápida, ao final, guardará a lembrança desse belo jogo, que não lhe dá mais motivos para voltar a visitá-lo.
Trailer
Nota: 7.5
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