Game: Lost Ark
Desenvolvedora: Smilegate
Distribuído por: Amazon Game Studios
Plataforma Utilizada: PC
Também para: Exclusivo PC
Noobzview: Duzão (@DuzaoDias)
A Amazon tem investido pesado no mundo dos games e escolheu o universo do MMORPG para iniciar sua empreitada para alcançar o grande público. Seu primeiro grande lançamento foi New World, que tive o prazer de jogar e gostei muito do resultado. Nesse início a Amazon optou por criar seu próprio título nos trazendo uma experiência completamente inédita.
Agora, a empresa buscou no mercado oriental um jogo já consolidado para sentir ainda mais esse nicho de MMOs e a escolha foi pelo sul-coreano Lost Ark. Tive acesso ao jogo com muita antecedência e gostaria de agradecer a excelente equipe da FD Comunicação que representa o título no Brasil, em especial ao parceiro de longa data do site, Greg Candalez.
No decorrer de minha jogatina, fui tendo conhecimentos externos sobre o jogo e senti que era muito aguardado por aqui. Meu sobrinho, por exemplo, comentou que estava ansioso por um MMORPG que chegaria em breve e que traria algo que não há no mercado nacional atualmente. Perguntei do que se tratava e sim, era Lost Ark. Ficou maluco quando eu disse que estava jogando.
Toda essa euforia se justificou quando o game chegou oficialmente ao público, pois ele bateu diversos recordes. Em apenas poucos dias ele já se tornou um dos jogos mais jogados de toda a história da Steam e o segundo a bater um pico impressionante de jogadores simultâneos com mais de 1.3 milhão de pessoas. Apenas PUBG fez números maiores.
Além da expectativa de uma grande parcela dos fãs, comprovada pelos números, ainda dei uma navegada por alguns sites nacionais e internacionais e a recepção da crítica foi excelente.
Com tudo conspirando a favor, a expectativa é que eu venha e fale maravilhas do novo MMORPG, que já está disponível oficialmente no Brasil. Mas, meus amigos, para toda regra há uma exceção e dessa vez essa exceção recaiu sobre minha cabeça. Pois é, eu não ‘dei match‘ com Lost Ark.
Um universo já consolidado
Como eu disse anteriormente, diferente de New World, que foi construído pela Amazon, Lost Ark foi adquirido do mercado asiático e por ter feito muito sucesso por lá, foi o escolhido para chegar ao ocidente. Sim, temos grandes títulos orientais que chegaram ao Brasil e fizeram muito sucesso. Ragnarok Online é um grande exemplo, que foi um verdadeiro marco no mundo dos games no país e cravou seu nome na história, quando formos falar ou estudar sobre os cases de MMORPG por aqui.
Mas quando o título já está consolidado no oriente, inevitavelmente ele acaba trazendo muito do que agrada ao público oriental, o que não necessariamente tem muito eco por aqui. É claro, que toda regra tem exceção, mas não sei se Lost Ark é uma dessas exceções. Um dos pontos que mais me desagradam é a condução da história e da narrativa de jogos orientais, muito diferente do que estamos acostumados a ver por aqui. Existe um estilo muito característico que eles produzem focando o público local e normalmente não acaba ganhando muita reverberação mundial.
Eu entendo que foi uma opção muito consciente da Smilegate em priorizar a história ao invés de tornar Lost Ark um mero grind (ficar matando monstros sem parar) genérico. O game tem MUITO conteúdo e muitas histórias, muito diálogo, mas é tudo muito lento. A maneira como tudo é contado não me prende. Além disso, as histórias que você acaba fazendo, até começam interessantes algumas vezes, mas depois se tornam algo genérico e superficial. Por conta dessa falta de aprofundamento em tantas histórias e diálogos, você acaba perdendo o interesse e ai o jogo se torna lento e cansativo. As histórias e quests que deveriam ser um dos pontos altos acabam se tornando muito chatas e exaustivas, eu já nem queria saber do que se trava, apenas finalizar cada uma dessas quests e ver alguma ação.
Outro ponto na condução das histórias que não me agradou é como ela acontece para o jogador. Surge um texto narrado pelo personagem, ai repentinamente o personagem não fala mais nada e você continua acompanhando só o texto. Isso me causou um incomodo, foi muito estranho o NPC começar a falar e de repente para e fica por sua conta ler os textos. Sei que é estilo, mas em um primeiro contato passa a impressão de algo incompleto, inacabado.
Um ponto que me chamou a atenção é que com tanto conteúdo, tanto texto e tanta história, o jogo não tem uma localização para o Brasil, nem dublagem e nem texto. Sei que a dublagem para o pt-br seria uma cereja no bolo, mas a falta de tradução de texto me faz crer que restringe muito o nosso público. É possível trocar a dublagem para outras línguas, eu estava no espanhol, mas o texto sempre se mantém em inglês.
Bonito, mas ordinário
Eu joguei em um PC i5 8600k com 5.0 GHZ, 32 GB RAM e uma RTX 2080 Super com SSD de 1 Tera e com essas configurações rodei o jogo no ultra com muita tranquilidade em 4K. O jogo é relativamente leve e você não precisa de nenhuma máquina fora da realidade do brasileiro para se divertir com esse MMO gratuito.
A visão é isométrica e lembra muito os jogos da franquia Diablo. Não joguei Diablo, mas assisti a inúmeros vídeos e lives, via facebook gaming do Noobz, de meu parceiro de conteúdos aqui da casa, o Julião Gamer. O primeiro contato já me remeteu ao RPG de ação da Blizzard.
Lost Ark é muito bonito e você pode dar um enorme zoom em seu personagem tendo um outro vislumbre do jogo. Nesse zoom o game continua bonito, mas alguns refinamentos são necessários. Sei que pode parecer preciosismo de minha parte, mas gráficos costumam me saltar aos olhos. Vale citar, que gostei muito dos efeitos sonoros, assim como dos efeitos visuais, tudo muito vivo e presente em sua jornada.
Gameplay clássico, porém moderno
O jogo lhe dá uma gama interessante de classes para experimentar. Além da classe, o gênero influencia no desenvolvimento do seu personagem. Durante toda minha jornada, eu quis me aprofundar em um único estilo, para ter uma imersão maior no jogo como um todo e minha escolha foi pela classe de Artista Marcial, masculino.
Chega a ser nostálgico os caminhos escolhidos pelos game designers de Lost Ark, pois eles optam pelo mouse e os cliques, ao invés das tradicionais teclas AWSD. Apesar disso, ele te dá algumas automações para que você não precise necessariamente ficar clicando o tempo todo e isso é muito legal. É como se eles estivessem pegando uma mecânica clássica e a modernizando, lhe dando opções de usabilidade.
Além disso, o combate é muito bonito, os efeitos saltam os olhos e é divertido o fazer. Pudera, pois esse é um dos principais pilares desse estilo de jogo e Lost Ark, nesse ponto, vai bem. Para mim o melhor que a Smilegate nos entrega nessa experiência.
Se a movimentação é bacana e o combate muito bom, as informações que o jogo lhe entrega são um pouco confusas. Se você já tem familiaridade com MMOs, nada que assuste, com a tradicional grid de itens, mas minha curva de aprendizagem para entender as informações dos itens foi meio longa. Achei muito poluído e me atrapalhou um pouco na hora de buscar conhecimento sobre os itens adquiridos, por exemplo. Como já citei anteriormente, o jogo não tem textos em português brasileiro, então essa minha dificuldade foi maior, uma vez que alguns termos são muito fora do usual e eu tinha que buscar um tradutor para saber do que se tratava.
Lost Ark é bom, mas para um público restrito
Lost Ark tem muita qualidade e vai agradar aos fãs dos bons e velhos MMORPGs, não é o meu caso. Gosto de algo mais moderno e de uma pegada completamente diferente, como é o caso do New World. Mas devo reconhecer, que trazer Lost Ark é uma jogada estratégica muito bem pensada, pois a Amazon Game Studios está buscando dois perfis de públicos gamers completamente diferentes. Creio, inclusive, que Lost Ark possa até se tornar um grande clássico cult no Brasil, ao melhor estilo Tibia, com uma legião fiel de fãs, que nunca o abandonarão, mas me questiono se a quantidade de público para manter um jogo desse porte existe por aqui. Tenho minhas dúvidas, mas o tempo dirá.
Trailer
Nota 5.5
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