Filme: Viúva Negra
Direção: Cate Shortland
Crítica Noobz: Ataliba (@AtalibaNoobz)
E finalmente, depois de dois anos, a Marvel Studios volta com suas produções aos cinemas com a esperada aventura solo de Viúva Negra, uma das principais personagens na construção de seu universo cinematográfico. O longa era um pedido de longa data dos fãs e com isso as expectativas gerais estavam altas, será que a lendária Vingadora foi capaz de corresponder e abrir a Fase 4 do MCU com chave de ouro?
Uma História Simples e Ação do Início ao Fim
A trama de Viúva Negra é muito simples e conta que a protagonista, vivida por Scarlett Johansson, está fugindo depois dos acontecimentos de Capitão América: Guerra Civil e acaba se encontrando com sua irmã de criação para assim, juntas, darem fim a uma temida organização. A trama é basicamente essa e não veremos um aprofundar dramático nem tantos pontos de virada no roteiro.
É importante que aqui já haja um alinhamento de expectativas, pois muitos esperavam uma história de origem da ex-assassina russsa e isso não acontece. Temos algumas pinceladas sobre o passado de Natasha e então a aventura se foca no presente em uma missão que precisa ser cumprida e só. Me lembra até os filmes de ação dos anos 80/90 onde era necessário apenas um pretexto para a porrada comer solta, é basicamente o que temos em Viúva Negra.
E se você gosta de ação, não vai se arrepender, pois o longa não quer perder tempo lhe introduzindo um drama complexo, ele já começa acelerado e assim vai até o final com poucos momentos de respiro. Aquele filme para quem não quer pensar em nada, apenas curtir uma aventura recheada de porradas e explosões. Eu particularmente senti falta de um drama um pouco mais profundo para dar mais emoção à ação, mas é a vida.
Dito isso, vamos ao alinhamento da segunda expectativa. O filme tem dois principais objetivos, o primeiro é se despedir da personagem Viúva Negra com uma aventura solo, um grande débito que a Marvel tinha e resolveu pagar tardiamente. Por se passar entre Guerra Civil e Guerra Infinita, muito da tensão que o filme tenta causar não tem tanto impacto, pois você já sabe que a protagonista sairá inteira para se despedir apenas em Ultimato. Aqui, acredito que se o filme tivesse saído na época certa, teria um peso muito maior.
O segundo objetivo do longa é apresentar Yelena Belova, personagem vivida por Florence Pugh e que dará continuidade ao legado da Viúva Negra dentro do Universo Cinematográfico Marvel.
Então é um filme de história rasa com ação desenfreada para se despedir de Natasha e apresentar Yelena. São com essas expectativas que irei avaliar o filme a partir daqui.
O Desperdício de Harbour e Weisz
O filme começa bem contando um pouco sobre o passado de Natasha, não com o objetivo de explorar a origem da Vingadora, mas sim para apresentar os personagens que iremos encontrar no decorrer da aventura, isso pode frustrar um pouco alguns que esperavam mais sobre a origem da heroína. Após essa introdução a ação se inicia e ai ninguém segura, colocando Natasha no rumo para derrubar uma perigosa organização e se encontrando com seus “familiares” para tornar isso possível. Tudo é construído de maneira bem corrida e rasa, algumas até muito mal explicadas. O encontro da família, que é bastante vendida nos trailers, acontece apenas uma vez de forma muito rápida e superficial. Nesse momento rola um drama e um respiro necessário na história.
Nessa família conhecemos o Guardião Vermelho, vivido pelo ator David Harbour e a cientista assassina Melina, vivida pela atriz Rachel Weisz. Harbour é o grande alívio cômico que serve somente para fazer piadas sem muitas funções úteis para mover o roteiro. Já Weisz, ganhadora do Oscar e uma excelente atriz, quase não tem tempo de tela para poder desenvolver alguma coisa mais interessante. Isso acontece, pois para se despedir de Natasha e apresentar Yelena, o tempo de tela dos outros personagens acaba sendo curtíssimo, uma pena.
Mais um vilão genérico da Marvel
Se Guardião Vermelho e Melina tem pouco espaço para um maior desenvolvimento, o mesmo acontece com o temido Treinador. O grande antagonista nos trailers não passa de um personagem genérico, com uma história rasa, assim como suas motivações. O pouco tempo de tela acaba sendo até um alívio, pois ele não provoca empatia, temor ou senso de perigo iminente. Infelizmente um personagem completamente desperdiçado. A Marvel, aliás, está se tornando cada vez mais especialista em criar vilões genéricos com motivações vazias e atuações esquecíveis. Isso em filmes solo, salvo raras exceções como os maravilhosos Abutre e Hela dos excelentes, respectivamente, Michael Keaton e Cate Blanchett. Ah, mas só pra citar um ponto positivo, o design dele ficou maneiro demais!
E aqui vemos mais um grande potencial desperdiçado, pois as Viúvas Negra da Sala Vermelha seriam um perigo e um desafio muito mais interessante e envolvente que o genérico Treinador, que até tem uma ideia bacana, mas tão mal explorada que em pouco tempo muitos se esquecerão de colocá-lo nas listas de vilões da Marvel.
O Ato Final
A ação de Viúva Negra é seu ponto alto, com excelentes coreografias de luta e ações de fuga e explosões. Vale destacar uma cena de resgate na neve que é sensacional!
Em termos de ação, ao meu ver, o longa é quase impecável, mas acaba falhando demais em seu ato final. Tudo vinha bem, urbano, pé no chão, mas o final é tão grandioso que acaba se perdendo em diversos momentos com soluções convenientes e preguiçosas. Situações como explosões que não tem consequência, paraquedas posicionados aleatoriamente no caminho necessário, buracos que se abrem e levam os heróis aos seus objetivos e soldados burros e ruins de mira o suficiente para fazer a ação caminhar. Esse último temos em todos os filmes de ação, ok, mas aqui no ato final é absurdo. Enfim, o ato final é construído de forma tão preguiçosa e pouco criativa que atrapalha demais o que o filme tinha de melhor até o momento.
Vi, inclusive, muita gente reclamar dos efeitos especiais e eles são maravilhosos, até o fatídico ato final, onde vemos algumas explosões meio esquisitas e fogos no fundo que são claramente um cenário, muito esquisito.
Viúva Negra se Despede Bem?
Se você assistir tendo em mente que não é um filme de origem, é uma homenagem a personagem de Scarlett Johansson, é necessário introduzir Yelena Belova e a trama é muito simples para dar espaço a ação, explosões e fugas, o filme não é ruim, mas também não é nenhuma obra prima. Não está entre os melhores filmes de ação já feitos, tão pouco entre os melhores da Marvel já criados.
Devido a importância que Viúva Negra e Johansson tem em toda essa construção maravilhosa que é o Universo Marvel, ela merecia mais, muito mais…
Trailer
Nota: 6.5
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