Game: Assassin’s Creed Valhalla
Desenvolvedora: Ubisoft Montreal
Distribuído por: Ubisoft
Plataforma Utilizada: Playstation 4
Também disponível para: PC, Xbox One, PlayStation 5, Google Stadia, Xbox Series S|X
Noobzview: Sabat (@RetroSabat)
Vikings, Assassinos e Repentistas
Confesso que nunca fui um jogador dos mais adeptos à clássica franquia de games furtivos da UbiSoft, Assassins Creed. Muito provavelmente, me acometeu mais a falta de tempo que outra coisa, isso em meio a uma avalanche de novos títulos desta linha que vinham sendo lançados ano após ano e que faziam mais me intimidar pela quantidade do que me incentivar a desbravar a franquia. Mas quis o destino (e a chefia da redação) que a missão de analisar a mais nova entrada da série, Assassin’s Creed Valhalla, para plataformas Sony e Microsoft, fosse minha e, tendo consciência de que a coisa mudou bastante desde os últimos 2 jogos e que agora os assassinatos teriam uma dose cavalar de brutalidade viking, deixei o receio de lado, apanhei meu machado e cai de cabeça nessa gigantesca aventura nórdica regada a doses cavalares de hidromel em busca de me tornar não o maior e mais lendário guerreiro aspirante a um lugarzinho em Valhalla, mas sim, o maior repentista do continente. Que comecem as rimas!
E olha lá e olha lá! Esse Eivor é arretado e seu machado vai cantar, muito sangue vai escorrer e as cabeças vão voar!
Depois do subtítulo mais épico que você já leu na sua vida, deixo aqui a pergunta: Eivor Marca de Lobo homem ou mulher? O viking continuará sendo um protagonista arretado independentemente da sua escolha, mas na dúvida, você pode deixar o Animus escolher por você! E não se preocupe: fora as devidas adaptações de diálogo, a história permanece inalterada assim como os seus afazeres cotidianos de viking, como vingar a morte de alguém aqui, saquear uma vila acolá… Tudo dentro de um script que parece até simples de início, mas que aos poucos, vai fazendo com que você se lembre de que não está jogando um game tão somente movido a brutamontes brandindo machados.
Sim, de início, é isso que Assassin’s Creed Valhalla aparenta ser, do momento em que subimos no primeiro pico com um ponto de sincronização e soltamos aquele palavrão de espanto ao deslumbrar o mundão lotado de pontinhos coloridos, até a chegada à Inglaterra saxã para montarmos o nosso acampamento bem no lugar onde é hoje o estádio do Leicester City. Ok, a região historicamente é só “mais ou menos” por ali, mas séculos antes que a bola pudesse rolar, a ordem no local era estender as fronteiras da nossa vila Ravensthorpe e melhorar a infraestrutura do local, pois sempre que trouxermos Eivor de volta de uma incursão, certamente ele (ou ela) e sua tropa precisarão de um bom ferreiro para desentortar e melhorar as armas e de uma taverna onde esteja rolando uma competição de quem entorna mais hidromel sem trançar as pernas.
Ravensthorpe é útil não só para isso, mas para uma infinidade de outras coisas que eu confesso não ter tido paciência ou até mesmo motivo para explorar ao máximo pois nada me foi tão útil quanto o ferreiro Gunnar: traga a ele o material certo e ele vai deixar suas armas e equipamentos “divinos” literalmente.
Assim, posso dizer que disputar um bom repente com os melhores rappers medievais da Europa não foi algo muito útil, mas que foi absurdamente divertido, sim, isso foi,
principalmente devido a excelente tradução e adaptação das rimas! Realmente o trabalho aqui foi muito bem feito e nos rende boas horinhas de diversão ao mesmo tempo que deixa Eivor mais “respeitado” na quebrada. Troféu Caju e Castanha seria um nome bem mais apropriado para a conquista!
Haja missão nesse mundo!
Aos poucos, vamos encontrando mais e mais picos de sincronização, vamos soltando mais e novos palavrões, vamos nos perdendo em meio a tanta coisa possível de ser explorada, cansamos de mandar nosso corvo sobrevoar locais interessantes e, finalmente, começamos a nos perguntar: Odin do céu, não é coisa demais não?
Sim, claramente a Ubi perdeu um pouco (ou muito) a mão na hora de colocar recheio nessa pizza nórdica. É tanta coisa que eu já estou conformado com o fato de que será impossível falar de tudo nessa única review!
A questline principal está lá, bem destacada na nossa bússola padrão, mas a curiosidade de verificar cada um daqueles outros pontinhos que aparecem nela quase sempre nos instiga a dar aquela voltinha de anos luz de distância do nosso objetivo real. Uma hora cansa, pois a coisa se torna repetitiva e o mesmo ocorre em um número enorme de missões até mesmo principais que deixam a impressão de que a história poderia ser bem mais enxuta e com menos enrolação.
O ponto positivo disso é que acabamos visitando cada local bonito que dá vontade de
abandonar a carreira de repentista para tentar a vida como fotógrafo. É fato que não temos em Assassin’s Creed Valhalla a mesma qualidade e refinamento nos cenários e ambientes que encontramos em alguns outros games desse final/início de geração mas, definitivamente, a UbiSoft fez um grande trabalho na hora de construir as localidades medievais que abrigam os nossos cobiçados tesouros e artefatos, e digo isso tendo jogado em um PS4 base! Tudo está realmente muito bonito e fluído, digno da grandiosidade que a produtora almejou para esse título.
E quando as rimas param, o machado canta!
Eu não consigo me lembrar de nenhum outro jogo onde eu tenha controlado um Viking detonando cabeças alheias com um machado. O mais perto que cheguei disso foi Lost Vikings, ainda para consoles 16 bits, e nem de longe este era um game onde essas proezas fossem necessárias! Logo, machados não eram lá a categoria de armas brancas mais familiar à este gamer que vos escreve, mas bem que eu tentei. Usei machado em uma mão com escudo na outra, dois machados um em cada mão, machadão de duas mãos, mas foi quando peguei a minha primeira espadona de duas mãos que o sistema de batalha sorriu pra mim. Infelizmente não nasci para ser vicking raiz, mas a variedade de combinações, personalizações, tipos e níveis de armamento me surpreendeu positivamente.
Temos em Assassin’s Creed Valhalla um sistema de combate sólido, onde as armas podem ser personalizadas quase que totalmente a gosto do cliente de modo favorecer nossa estratégia e estilo de combate, tudo feito a partir de combinações das características passivas das armas com as famigeradas “runas”, artefatos que podem ser anexados ao nosso armamento e equipamento desde que eles possuam qualidade e espaços suficientes para tal.
O restante é pura destruição, membros voando e muito sangue escorrendo pelos campos, claro, a não ser que você tenha amenizado a brutalidade do jogo no menu de opções, ou que você decida trilhar o caminho mais furtivo da sua gigantesca árvore de habilidades, que apresenta 3 caminhos distintos sendo um para ataque a distância, um para o corpo a corpo e o terceiro e último, o caminho que faz com que o game beba um pouco mais da fórmula furtiva e silenciosa dos primeiros títulos da franquia e que incentiva Eivor a fazer muito mais uso da Hidden Blade. Sim, a faquinha marota clássica do clã de assassinos faz o seu retorno triunfal, e funciona muito bem por sinal! Está em dúvida sobre qual caminho usar?
Faça um teste, pois o jogo permite a você resetar a árvore de habilidades inteira quando quiser! Mesmo eu tendo gostado bastante de ser um viking gatuno, eu considerei que já estava apelando na descaracterização da raça nórdica e voltei para o caminho da porradaria corpo a corpo. Mas sem abandonar as espadas de duas mãos, aí já é demais!
Vai pra Valhalla ou não vai?
Uma hora o jogador finalmente resolve desenrolar a história principal, mas será muito difícil que alguém consiga terminar o jogo sem ter seu caminho atravessado por algum travamento ou bug, o que infelizmente, vem sendo algo corriqueiro nos games da UbiSoft.
Meu jogo travou pelo menos 3 vezes e de maneiras diferentes, Eivor enroscou mais de uma vez em paredes e tranqueiras do cenário de um jeito que nem fazendo uso do corpinho mais esbelto e curvilíneo da versão feminina do personagem eu pude evitar ter que recarregar o checkpoint, isso fora os bugs menores como NPCs fazendo todos os tipos de coisas absurdas enquanto rola o gameplay, jogue e verás.
Entendo que tudo que é grandioso demais, fatalmente necessita de uma atenção maior aos detalhes técnicos, e talvez, isso tenha faltado em Assassin’s Creed Valhalla. A Ubi deu muita atenção à criação de um exuberante mundo nórdico onde somos o tempo todo bombardeados pela cultura e estilo de vida viking, conseguiu com maestria misturar tudo isso ao universo do seu clã de assassinos favorito, mas talvez, tenha faltado tato na hora de perceber que o game poderia ser melhor refinado antes do lançamento. Nada que já não tenhamos visto em outros games da Ubi como na franquia WatchDogs, por exemplo, e nada também que não aconteça em outras dezenas de franquias por aí desde que o universo 3D existe, então o que posso dizer com segurança sobre Assassin’s Creed Valhalla é que este, sem sombra de dúvidas, é o melhor jogo 3D da produtora desde Beyond Good & Evil, game que por sinal, eu já nem espero mais pela continuação.
O jogador vai se entreter por no mínimo umas 70 horas antes que a aventura termine, imerso em um mundo tão bonito quanto intrigante, e se ele resolver explorar pra valer cada pontinho colorido da bússola, então esse tempo de gameplay pode triplicar ou até quadruplicar. Tudo dependerá da sua vontade de ser um viking raiz e chegar até Valhalla, mas você pode fazer como eu também e ser um vicking bem fajuto do tipo que prefere espadas e disputas de rap. A escolha é sua!
Trailer
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NOTA NOOBZVIEW: 8.5
Por Sabat
@RetroSabat
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