Direção: Terry George
Texto: Eduardo Dias (@edudiastw)
Estreia no Brasil: 11 de Maio de 2017
Distribuição: Diamond Films
Em abril de 1915 cerca de 250 líderes e intelectuais foram presos na cidade de Constantinopla,
atual Istambul, capital do Império Otomano. A partir desse momento tropas regulares e paramilitares se dirigiram às cidades do país com um único objetivo, obrigar as famílias armênias a deixarem suas terras em caravanas rumo aos desertos da região, principalmente Der-el-Zor.
Nesta página triste da história, centenas de milhares de armênios foram exilados de suas casas e terras. Muitos morreram
no caminho por fome, sede, inanição, moléstias ou atacados pelas tropas que deveriam proteger sua integridade física resultando assim em cerca de 1 milhão e meio de armênios mortos. É em
meio a esse acontecimento histórico que o enredo do filme se desenrola.
Esta é a primeira grande produção de Hollywood sobre o genocídio armênio que começa devagar e passa a impressão de ser mais um clichê envolvendo um triângulo amoroso, apenas se apropriando de um fato histórico para servir como background. Apesar disso o filme não causa desinteresse pois, sua fotografia e direção de arte são impecáveis e ambientam de forma impressionante aquele ano de 1915. O desenrolar da
história demora para ficar atraente, causado pela necessidade de apresentar e introduzir
os personagens principais que compõem a trama, vividos pelos competentes Christian Bale, Oscar Isaac e pela atriz Charlotte Le Bon.
Até aqui nada que pudesse ser marcante ou que valeria a indicação do filme para um
amigo, mas logo que os personagens são apresentados o longa mostra para o que veio e todo aquele sentimento de filme clichê
desaparece lhe jogando, sem aviso, em uma montanha russa de acontecimentos que
desafiam nosso raciocínio. É natural acompanhar um filme e tentar prever o que acontecerá a
seguir, e aqui quase todas as tentativas foram falhas, o longa mostra-se surpreendente, com plot twists que desafiam até o mais sagaz na tentativa de prever os acontecimentos, que ocorrem
simultaneamente quando a história toma dois rumos diferentes dentro do enredo.
O triângulo amoroso que nos conduz no início da trama acaba ficando em segundo plano em certo momento, quando a narrativa do filme se entrelaça com os acontecimentos reais daquele período histórico, se mostrando muito competente em relatar o sofrimento do povo armênio que pode ser
sentido por quem assiste, justificando, assim, o financiamento do bilionário Kirk Kerkorian, que além de ser de origem armênia, viveu na pele alguns dos eventos apresentados na trama. Para se ter uma ideia, antes de sua estreia nos Estados Unidos o filme foi exibido para grupos comunitários armênios, gregos e assírios e na Armênia o presidente do país Serzh Sargsyan fez questão de presenciar a exibição. Méritos para o diretor Terry George, que foi o responsável pelo excelente Hotel Ruanda e com A Promessa começa a galgar seu lugar como um dos novos nomes à se prestar atenção em Hollywood.
Me abstenho de entrar em detalhes com relação a trama, pois com tantos momentos de virada você deve ir ao cinema para ser surpreendido com esse filme que, sem dúvidas, vale a pena ser assistido.
Avaliação: 9.0/10
Por Eduardo Dias (@edudiastw)
