Direção: James Wan
Texto: Ruan Sales
Os leitores muito provavelmente já assistiram a “Velozes e Furiosos 7”. Talvez numa sessão bastante disputada, após enfrentar fila, quase ficar sem pipoca e descobrir que o refrigerante acabou. Não que considerem a franquia excepcional, ou que tivessem grandes expectativas pelo que esse sétimo filme poderia apresentar de novo e surpreendente. É possível que na verdade tenham sido compelidos a comparecer ao cinema mais pela necessidade de testemunhar um grande evento midiático global, ainda que nem tenham se dado conta disso. Por isso não importa tanto a qualidade do roteiro ou a falta de expressão do Vin Diesel. Mais importante é ter estado lá, na sala escura, em frente à tela grande, compartilhando um espetáculo, uma grande ocasião que estimula um senso de pertencimento e familiaridade entre os espectadores. E essa grande ocasião é a cerimônia de despedida de Paul Walker.
É fato que especialmente o final do filme anterior, revelando a verdadeira cronologia da história, deu novo fôlego a uma franquia que dava sinais de cansaço. Também é fato que a chegada de James Wan, diretor já muito reconhecido e estimado pelo seu trabalho em Jogos Mortais e a Invocação do Mal, ascendeu as esperanças dos fãs da série. Cenas incríveis de ação antecipadas nos trailers, como aquela do carro que salta entre prédios atravessando janelas, podem ter atraído novos interessados, mas o principal é o lugar que Velozes e Furioso conquistou no imaginário de uma geração. Jovens profissionais que hoje repercutem o filme no cafezinho da empresa, ou com mais liberdade, no happy hour, lembram bem de como o lançamento do primeiro filme, há 14 anos, mexeu com a cabeça da garotada da escola. De repente, ter um carro com luz de neon se tornou o sonho de pré-adolescentes que ainda estavam longe de poder dirigir. Os mais velhos viam mais do que “tunagem”, enxergavam atitude, estilo, queriam ser cool como Dominic Toretto e Brian O’Connor.
Em 2003, a onda aumentou com a chegada de “Need For Speed: Underground”. Rachas de rua disputados em lan houses, a ideia de conquistar pontos de reputação e respeito – marcas de uma geração. E uma geração marcada por Paul Walker. Não é preciso refletir sobre o que simbolizou para o público a morte prematura do ator em um acidente de carro, no final de 2013, quando as gravações para o novo filme já estavam em curso. Paul merecia uma despedida, e toda uma geração aguardou o momento de lotar as salas de cinema do mundo para a cerimônia de adeus.
Os absurdos do roteiro serão esquecidos, assim como os efeitos especiais espetaculares. A homenagem reverente ao ator, não. Mais que um filme, esse é o ritual de uma geração: estamos em volta da fogueira.
a grande maioria nem conhecia e nem gostava de Paul Walker porque ele era so mais um atorzinho de quinta estreando em um filme meia boca, dai ele morre e milhoes de modinhas o idolatram….
Escrevi no dia da estréia:
SOBRE A ESTRÉIA DE VELOZES E FURIOSOS (não contém spoiler):
#ForPaul A minha ficha só caiu realmente quando subiu essa frase no final do filme. Tal qual fosse um enterro, acabou o filme e um silêncio ensurdecedor tomou conta do cinema. As pessoas sairam assim, em silêncio. Algumas chorando, outras quase. Reforçando a máxima de que a ficha só cai, quando a gente realmente percebe que aquela é a última vez que veremos a pessoa, e aquelas letras subindo, simbolizaram um caixão descendo, aquela foi a última vez que veríamos Paul Walker em cena. Os nossos corações apertaram. Segundo Dom. " Aqueles que se perdem, permanecem nos corações dos que vivem." Paul viverá um pouquinho em cada um de nós que crescemos assistindo essa franquia.
Sobre o filme: Foi feito na medida certa para os fãs, choramos de rir com o Roman durante todo filme, e choramos muito de emoção no final. Foi tudo sutilmente pensado, uma bela despedida e um ótimo "prefácio" para o que há de vir na série.
#ForPaul resume o sentimento da "família velozes".