Game: Splinter Cell
Desenvolvedora: Ubisoft Montreal
Distribuído por: Ubisoft
Plataforma Utilizada: Playstation 2
Também para: XBox, PC e Game Cube
Noobzview: Entelexia (@Entelexia)
Confira a parte 02 com a história da saga Splinter Cell no link -> A História da Saga Splinter Cell pt.2
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Valeu à pena: Me sentir um espião-ninja-homem-rã-guerrilheiro…. num cenário de espionagem tomclancyano!
Não valeu a pena: Os CGs ficam devendo, em comparação com o restante.
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Se você gosta do gênero espionagem, com certeza já ouviu falar de 007, Jason Bourne, Jack Bauer… ou Sr. E Sra Smith!
Bem, Splinter Cell não tem nada a ver com esses caras.
Diferentemente dos espiões invencíveis e indiscretos de Hollywood , o protagonista da série (Samuel Fisher), faz mais o estilo espião invisível, aquele que resolve tudo e ninguém sabe que existe. É o tipo de história de espionagem que tem bem menos espaço nos cinemas. Afinal, um espião que não sai destruindo a cidade e “catando” mulheres de maneira espalhafatosa, não é considerado um espião em Hollywood!
A série Splinter Cell levou a jogabilidade “Stealth” próxima ao seu limite, praticamente redefinindo o gênero, mais do que qualquer outro título, mesmo os clássicos como Metal Gear Solid e Siphon Filter. Nada contra os outros títulos, pelo contrário, sou grande fã de ambos. Mas com a turma do Sam Fisher, realmente o nível (em termos de “stealth”) é outro. Clima, jogabilidade, enredo, psicologia… praticamente tudo no jogo é feito para tornar a saga de espionagem em uma viagem ao mundo da desinformação.
Ta, to exagerando nos floreios, coisa de fã! Mas vamos a uma visão geral de como é o enredo inicial da série, sem entrar em detalhes sobre os episódios posteriores, que vou deixar para uma segunda parte, já que uma sinopse dos capítulos mais avançados pode ser meio que “spoiler” dos jogos anteriores!
Apesar do jogo ter o título “Tom Clancy’s Splinter Cell”, acredito que “Tom Clancy” é mais uma marca emprestada (ou alugada) do que uma participação efetiva desse grande escritor de histórias de espionagem.
Mas após os primeiros minutos de jogo, a gente percebe que, de fato, muito do que é apresentado no jogo combina bem com a obra de Tom Clancy… realismo (não absoluto, claro), contexto geopolítico consistente, e equipamentos e tecnologias “de ponta” (ou levemente futuristas). A idéia de “conflitos iminentes” são também outra característica da série, compartilhada com as obras do Clancy.
Sam Fisher trabalhava para a NSA (Nacional Security Agency), uma das principais instituições de espionagem dos Estados Unidos. Acostumados a recolher informações desde a guerra fria, a NSA sentiu necessidade de criar uma nova sug-agência, a “Third Echelon” .
Diferentemente das outras agências, este serviço secreto DENTRO do serviço secreto era tão sinistramente secreto (!!) que se algum de seus agentes fosse descoberto, nenhum de seus pares admitiria nem mesmo sua existência como agente! Simplesmente diriam “Não sei, nunca vi mais gordo!”, e os agentes da Third Echelon sabem disso.
Convocado pelo coordenador da organização, seu amigo Irving Lambert, Sam Fisher foi o primeiro agente da Third Echelon. “Splinter Cell” é o termo usado para definir esse novo tipo de agente… uma “farpa”, um pequeno objeto/agente encarregado de se infiltrar nos lugares mais perigosos ou difíceis, , buscando e ou tentando manipular informações e eventos decisivos.
Como na política e no mundo real, com muita frequência os discursos e argumentos , mesmo quando inicialmente bem intencionados, acabam servindo pra deturpar e mascarar propósitos muito menos nobres!
Nos posteriores jogos da série, a Third Echelon cresceu em força e complexidade, mas também cresceu a falta de clareza nos objetivos dessa agência, ou de seus líderes ou controladores. Á medida que ganhava poder e autonomia, tornava-se cada vez mais difícil controlar a Third Echelon e seus coordenadores. Mesmo os agentes e coordenadores do grupo tinham dúvidas sobre quem está no controle, ou para quais objetivos trabalhavam de fato!
E esse é um dos trunfos de Splinter Cell como franquia… a consistência do enredo, mesmo após 4, 5 jogos, convence os fãs de que estão dentro de uma boa história de espionagem, não somente do ótimo jogo Stealth.
Curiosidade: (segundo o site http://splintercell.wikia.com/wiki/Third_Echelon , a “First Echelon” recolhia dados de comunicações para a NSA, a Second Echellon fazia o mesmo com a tecnologia pós-guerra fria, que se desenvolveu tanto que a quantidade de dados se tornou inutilizável, e a Third Echelon se encarregava de recolher agressivamente os dados direto das fontes, em operações arriscadas).
Curiosidade 2: Os agentes da Third Echelon têm um tipo de “liberdade adicional”, chamada de “Quinta Liberdade” (Fifth Freedom). É mais ou menos como a “licença para matar” do 007, mas a Quinta liberdade significa, na verdade, que tinham licença pra fazer qualquer zica que quisessem. Claro, pra tentar diferenciá-los de terroristas, o termo “quinta liberdade” usa como pretexto a defesa das outras quatro liberdades de Franklin Roosevelt: Liberdade de expressão, de religião, liberdade para querer, e liberdade para não ter medo (freedom from fear). Ta.. ok… Nem Fisher acredita nisso, mas fazer o que?
O ponto alto da série. Como soldado qualificado, Fisher é capaz de manusear dezenas de armas e equipamentos especiais. Também é capaz de lutar com as mãos nuas, e fazer movimentos que requerem bom preparo físico (embora sem os exageros esportivos do Jason Bourne, por exemplo).
Mas a maior parte da jogabilidade se concentra no Stealth.
E pra se tornar invisível de fato é preciso alguma paciência e nervos bem preparados, porque ás vezes é TENSO, o trabalho de ficar se esgueirando a poucos metros, ou mesmo centímetros, de seus inimigos!
O mais importante: Saber se movimentar e se esgueirar lentamente, para não fazer barulho. Pode parecer estranho ter essa característica em um jogo com espiões armados até os dentes, mas a verdade é que em Splinter Cell você ás vezes passa praticamente ao lado dos mercenários inimigos e nesses momentos, de fato, o controle do analógico é vital para permanecer indetectado, tanto pelos olhos quanto pelos ouvidos dos seus inimigos. Uma precisão “cirúrgica” no controle analógico permite que ao jogador praticamente raspar o bigode (se Fisher tivesse um) no adversário sem que ele o perceba, e isso é muito divertido, além de ser praticamente a “alma” do jogo, pelo menos dos primeiros títulos da série (Splinter Cell Conviction trouxe outro tipo de gameplay, mas isso é assunto pra outro dia)!
Fisher executa todos os movimentos típicos de um homem de 40, 50 anos em bom estado físico, com grande treinamento e habilidades de combate. Os movimentos são realistas, inclusive com uma sensação de “peso” durante as corridas, que não se costuma ver nos jogos de ação. O realismo de fato é levado muito a sério pela equipe que criou este jogo. Fisher também é capaz de executar o “split jump”, a habilidade de saltar fixando-se entre paredes próximas, usando a força das pernas contra as paredes de corredores. É um dos movimentos mais bacanas do jogo (assim como a habilidade de segurar um vilão pelo pescoço enquanto mira em outros).
Neste quesito, os jogadores de games de ação ficam mais familiarizados. Fisher é capaz de executar praticamente todos os movimentos de combate possíveis, e manusear dezenas de armas diferentes. Quem gosta de um bom banho de sangue gamístico pode se divertir à beça em alguns cenários. Mas ao contrário de jogos como Call of Duty ou Battlefield, em Splinter Cell é necessário certa noção de táticas e interação com o cenário, pois tentar enfrentar inimigos numerosos de peito aberto é geralmente desaconselhável. Os inimigos se juntam, usam equipamentos especiais, disparam alarmes, são ágeis no gatilho, além de fato de sua HP não resistir a uma dúzia de balas, como nos jogos de tiro tradicionais. Ou seja, tática é essencial pra vencer alguns cenários.
Além das armas para incapacitar ou enganar os inimigos (flash grenade, ring bullets, emp grenade), temos o visor triplo, que virou símbolo da série. Na verdade este é o único item indispensável desde os momentos iniciais de gameplay. Trata-se de um visor que permite ver no escuro (nightvision), e passar sorrateiramente por seus inimigos em ambientes de pouquíssima luz. Ou seja, enquanto eles estão cegos. Claro que, se você usar o visor o tempo todo, vai acabar se dando mal quando não perceber que eles têm um mínimo de luz necessária pra te detectar.
Você também pode ser traído por barulhos que fizer, ou mesmo por outros personagens também equipados com visores, que costumam aparecer mais para o fim do jogo, quando mercenários de elite e equipamentos de ponta se tornam mais comuns, e você já vai se aproximando do centro das conspirações com todos os seus empresários, políticos e mercenários “de elite”.
O meu irmão se divertia jogando Splinter Cell em modo “mate todos sempre que possível”. Embora o jogo seja bastante dirigido para o sistema de jogabilidade Stealth (“execute a missão sem que saibam que você existe”), é perfeitamente possível jogar no modo “ação total”, se você assim o preferir. Exceto nas fases em que você *não pode* disparar alarmes, ou algo do tipo, não há problema algum.
Splinter Cell levou o conceito de “Stealth” ao limite, mas preservou uma jogabilidade de ação muito incrível, pra quem quiser aproveitá-la!
Sempre, no mínimo, bons ou excelentes para seus respectivos consoles, os jogos da série não decepcionam em seu realismo. As câmeras, os efeitos visuais e o realismo casam perfeitamente com a proposta da série.
A quantidade de tempo em que a gente transita por ambientes escuros, ou usando o nightvision pode ser meio incômoda a princípio, mas tanto a dificuldade de se ver quanto o efeito bizarro da visão noturna artificial acabam por se tornar parte do nosso “esforço”, e visto como parte da coisa!
Único, porém é o character design dos personagens, principalmente o Fisher: ele já foi apresentado com tantas fisionomias diferentes, que a gente fica se perguntando como ele pode ter começado com cabelos grisalhos e corpo de um veterano de 50 anos (mesmo que em boa forma física), e chegado ao “Splinter Cell Conviction”, quase uma década depois, parecendo um praticamente de parkour de 30 anos! Isso tendo passado por uma fase marombeira em “Splinter Cell: Double Agente”. Mas relevando essa questão da idade e das aparências, como jogo em si, os gráficos geralmente casam perfeitamente!
Ótimos sons, geralmente tenho pouco o que falar neste quesito. A trilha sonora varia bastante. Pra mim, a melhor de todas foi a de “Chaos Theory”, feita por um brasileiro (que vive na Europa), Amon Tobin. Quando fui buscar as músicas pra baixar, me surpreendi com isto! E, engraçado, isso raramente é citado mesmo nos sites sobre jogos.
Único, porém (2): o barulho, mesmo de se pisar em algum objeto como folhas ou correntes, pode alertar os inimigos em Splinter Cell. Mas geralmente são tão baixos (ou inexistentes), que você não os ouve! É algo difícil mesmo de resolver, já que em teoria, qualquer pessoa pode perceber sons quase imperceptíveis, não deve ser fácil reproduzir esse tipo de coisa num jogo e em alto-falantes de tv! Assim, pra não ser denunciado por algum barulhinho qualquer, muito cuidado!
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NOTA:
Gráficos: 8.0
Som: 7.0
Jogabilidade: 9.5
Diversão: 7.9
Enredo: 9.89 (só para falar que sou exigente!).
NOOBZVIEW: 8.4
Confira a parte 02 com a história da saga Splinter Cell no link -> A História da Saga Splinter Cell pt.2
Por Entelexia
@Entelexia
ótimo texto….meus parabens
Eu sei me divertir!!
Você é fanboy de TODAS as séries Ariel. hahaha
Sou fanboy das duas séries então, gosto de ambas!!
Realmente Splinter Cell é sinonimo de Stealth, o resto tenta, mas não chega.
Esses Fanboys são foda!
Olha o fanboy de MGS ai em cima!
O Convinction é coisa de louco, o melhor disparado e só mostra a evolução da série. Agora comparações com MGS são inúteis, pois ambos seguem linhas diferentes, tanto na narrativa quanto na jogabilidade. Em Splinter Cell o esquema é matar ou derrubar o inimigo sem ser visto, enquanto em MGS a graça está em não ser visto. Belíssima análise Entelexia!
Valeu pelos comentários, pessoal. Essa é uma das minhas séries preferidas de todos os tempos.
Realmente, os 3 primeiros jogos foram bem parecidos. No Double Agent começou uma guinada no enredo, e no Conviction (que é um tipo de continuação do Double Agent) não só o enredo como a jogabilidade são alterados drasticamente, embora tenha se preservado a essência dos personagens e do enredo! Vale muito a pena. Eu escrevi uma segunda parte para esse review explicando bem como ocorreram as mudanças, e a reviravolta do "conviction". Qualquer dia aparecerá por aqui! Valeuzão!
Eu gostei de todos. O 3º nao terminei pq deu pau. Mas Splinter Cell, como dizem por aih – rs – é o Metal Gear divertido. hahaha
Série muito boa, mas também acho que houveram poucas inovações nas versões seguintes, apenas fazendo uma manutenção dessa primeira idéia.
Mto bom o review, ficou bem completinho mesmo, joguei mto Splinter Cell e é um jogasso, merece os créditos que tem.
Abraços
Entelexia,
Meus parabéns pela resenha. Está muito bem escrita!
Eu joguei os três primeiros SC, mas acabei me desinteressando um pouco pela série porque os jogos foram lançados quase que um atrás do outro. Enjoei um pouco e achei que não inovaram tanto quanto a série MGS, em que cada jogo tem um cenário completamente diferente do outro.
Porém, todo mundo falou muito bem do Conviction e certamente é um jogo que vou jogar, assim que possível. Depois que eu terminar Castlevavia (recomendado!) e Deus EX 3.
Grande abraço!